Justiça seja feita, o processo envolve pouquíssimos segredos. Na verdade, trata-se muito mais de programação e paciência. Foi no final de semana passado que encasquetei de fazer uma feijoada com minhas próprias mãos. Quando pedi orientações a minha mãe, me pareceu plenamente possível. Mais algumas dicas da sogra, cheguei na receita que descrevo a seguir.
Ingredientes
(Curiosamente, não olhei para nenhuma quantidade, comprei tudo no olho)
1 kg de feijão preto (fiz 500 g, mas minha mãe alertou no meio do processo que era pouco, e acabamos fazendo mais 500 g de emergência)
Carnes salgadas (costelinha de porco, normal e defumada, e carne seca)
Lingüiças (paio e lingüiça portuguesa)
Bacon
Couve
Alho e cebola
Folhas de louro
Preparo
Comecei na quinta-feira, colocando as carnes salgadas de molho. Na sexta-feira de manhã, troquei a água. À noite, mais uma troca de água, e as carnes foram para a geladeira. E o feijão, pro molho.
Na sábado, importante acordar cedo: estava na frente do fogão às 8h. Fervi as carnes salgadas e as lingüiças, separadamente. Num caldeirão coloquei o feijão com aquela água escura em que ele estava de molho, depois as carnes salgadas, fervidas, e algumas folhas de louro – como sábado é dia de feira por aqui, usei louro fresco. Tudo vai cozinhar por algumas horas (por motivos de imperícia maior, decidi não usar panela de pressão).
Enquanto isso, tirei a pele das lingüiças e cortei em finas fatias. Como levam bem menos tempo pra cozinhar, só entram no caldeirão mais pela metade do processo.
Agora, é só ter paciência e aguardar as coisas chegarem no seu ponto.
Parênteses: depois de duas horas cozinhando, minha feijoada passou pelo controle de qualidade de mamãe. Foi essencial: ela percebeu que as carnes já estavam no ponto, mas o feijão não. Tirou as carnes do caldeirão, e deixou só o feijão cozinhando mais um tanto. Muitas costelinhas, por exemplo, passaram do ponto, se soltaram do osso e sumiram. Nada grave.
Foi nessa hora que aprendi o ponto do danado. Não é al dente. É quase desmanchando, o grão inteiro, mas feito uma massinha. As carnes voltaram pra panela, e em um pouco mais de tempo a feijoada já estava prontíssima. Antes do fim, refoguei um tantão de alho e cebola, e mandei pro caldeirão.
Por causa das carnes, não precisa colocar sal. A couve, basta refogar com um pouco de cebola, alho e bacon. Um arroz branco tradicional, e está tudo pronto. Não faço a menor questão de bisteca (acho um exagero) ou laranja, e ninguém reclamou.
Um brinde de caipirinha de Seleta ao sucesso da minha primeira feijoada.
Mais alguns detalhes
- Momento de enorme emoção foi tirar caldinhos. Depois de alguns testes, o melhor deles eu fiz assim: tirei um tanto de feijão, que amassei bem com um garfo numa tigela. Depois joguei um tanto de caldo, misturei bem e penerei, colocando umas gotinhas de pimenta malagueta. Servi em pequenos copinhos de cachaça.
- De entrada, servimos lingüiça toscana acebolada. Raca tocou essa parte: ferveu as lingüiças rapidamente pra firmar, depois fatiou com pele mesmo e refogou com a cebola em rodelas. Pãozinho... delícia!
- A farinha de mandioca que mais gosto é aquela amarela, grossa, crocante. Minha mãe comprou numa feira na Vila Mariana, foi um “plus” sensacional.
- A couve, compramos já cortada na feira, bem fininha. Teve gente que pediu mais grossa. Enfim, o trabalho da feijoada já era enorme, na próxima posso pensar nisso.
- Esqueci da sobremesa! Pensando agora, teria servido goiabada cremosa e doce de leite com queijo branco, que tal?
Nenhum comentário:
Postar um comentário